sábado, 13 de julho de 2013

Quando a virgindade pode fazer mal à saúde

Fabiana Karla faz o papel de Perséfone na novela “Amor à vida”

Na mitologia grega, Perséfone era uma moça que atraía muitos homens, a ponto de rivalizar com Afrodite por causa disso. Borogodó assim falta à Perséfone da teledramaturgia brasileira, interpretada pela atriz Fabiana Karla na novela "Amor à vida". Virgem aos 37 anos, a personagem é o retrato de uma mulher em extinção na vida real. Em um país onde meninas iniciam a vida sexual entre 16 e 17 anos, em média — segundo pesquisas do governo federal —, aquelas que se mantêm intocadas por mais tempo são alvos fáceis de pressões. É aí que a virgindade se torna um inconveniente à saúde psicológica.

Para o terapeuta sexual Arnaldo Risman, fazer sexo só para ceder às insistências alheias é meio caminho andado para uma frustração.

— Ter a primeira vez é um processo que deve ser de dentro para fora. É questão de ter maturidade para escolher o parceiro certo e lidar com a ansiedade, em uma sociedade na qual a sexualidade está sendo banalizada, e a virgindade se tornou algo ridículo — analisa Risman.

Boa parte da angústia ligada à primeira experiência sexual se deve ao fato de a perda da virgindade ser considerada um rito de passagem para o mundo adulto, afirma a sexóloga Laura Müller:

— Pode ser que algumas mulheres na situação da Perséfone não se sintam adultas completas, por isso ficam enlouquecidas para ter a primeira vez, como a personagem.

Sentir-se madura suficiente para iniciar a vida sexual pouco tem a ver com a idade. Mesmo uma pessoa mais velha pode não estar preparada para o momento, o que é absolutamente normal, dizem os especialistas.

— O problema é que as pessoas transam sem estar prontas para as consequências. É preciso entender que se está indo para um ato sem garantias do depois — alerta Arnaldo Risman, sobre a possibilidade de a experiência ser boa ou ruim. — Por isso, o melhor é não fantasiar tanto, porque o perfeito não existe.

Além disso, manter-se casta até mais tarde não representa riscos à saúde, como chegou a dizer Patrícia (Maria Casadevall) à amiga Perséfone.

— Não há qualquer doença ou alteração no corpo relacionadas à virgindade — garante a ginecologista Vera Fonseca, presidente da Associação de Ginecologia do Rio de Janeiro.

 ‘Encontrem um amor’

Para a atriz Fabiana Karla, é importante refletir sobre a virgindade nos tempos em que a juventude tem experimentado tudo com pressa.

— Não vejo como problema (manter-se virgem até mais tarde). Acredito que toda mulher idealiza e tem receio da primeira vez, mas também deve ser difícil para os homens iniciar a vida sexual — opina a atriz.

Às mulheres que passam por situação parecida com a de Perséfone, Fabiana dá o conselho de não desistirem de encontrar um amor.

— Curtam a vida e não se desesperem. Quanto mais ficarem ansiosas, mais frustrante será essa busca.
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